sexta-feira, 1 de outubro de 2010

5 – Um lamiré ao planeamento urbanístico silveirense

Então, como é Silveira? Foi construída num vale, circundado por montes, mais elevados do lado de Sabugal. Poder-se-ia dizer que se situa numa cratera de vulcão caso tivesse existido algum aqui. As ruas principais estão dispostas de norte para sul, situando-se o edifício da Câmara, onde trabalha o Mayor, no topo norte. Imaginado a cidade como um corpo deitado de barriga para cima, a cabeça estaria ligeiramente inclinada para a sua direita. Na verdade, todo o corpo faz como que um arco.

Há uma rua principal, onde se situa a cadeia anexa à Câmara. Bastante conveniente. Mais ainda quando a única funerária se situa entre esta e o grandioso hospital, que chega a estar uma semana sem doentes. Ah, povo mais saudável!

Ou seja, os principais edifícios administrativos e de serviços públicos estão todos juntos. Curiosamente o liceu, outro grandioso edifício, mesmo grandioso em relação ao tamanho e arquitectura, ora este edifício situa-se, pasme-se, no lado oposto da cidade. É evidente para todos que aquela gente, deambulando por esse espaço, é perigosa e barulhenta. Os altos e misteriosos destinos da nação silveirense não podem ser incomodados por essa gente perigosíssima. Do outro lado da cidade olhamos com desdém, mesmo desprezo, para essa discriminação. E não venham para cá com a história de que o liceu precisava de muito espaço, dando a entender que não havia na zona in da cidade. A cidade foi construída de raiz, projectada de uma só vez, bastava reservar um espaço, nem que fosse a meio da rua principal. Mas não, lá para o fundo se faz favor. E não pia. Também não se entende, não entendo, porquê que não há edifícios em frente à cadeia, à funerária e ao hospital. Admito que está bonita a rua ali naquela ponto, pois em frente está o rio. Mas do outro lado da margem, não há nada, só um arrozal e mais em frente um monte cheio de árvores. Tudo verde. Só verde.

O primeiro edifício oposto ao hospital é a igreja. Como a América é o berço da democracia, democracia e mais um montão de coisas que existiam há séculos, até milénios, mas que foram eles que descobriram. O que nós seriamos sem eles? Como são esse verídico berço, o nosso querido Teotónio determinou que fosse construída uma sinagoga ao lado da igreja (que pouco depois se transformou num banco por falta de adeptos e excesso que dinheiro silveirense [sim nós temos uma moeda própria, essa moeda mundialmente poderosa, com o singelo nome de Silva, uma Silva valia no início dois tostões: vinte centavos no tempo dos escudos e um cagagésimo no tempo dos euros]) e mais um espaço livre para mais alguma confissão religiosa que surgisse depois. Enfim, está tudo muito bem organizado.

1 comentário:

  1. Então em Silveira despreza-se o liceu e a gente que o frequenta... Que é o mesmo que dizer que se despreza a educação. Não vão longe, assim...

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