sexta-feira, 29 de outubro de 2010

13 - Joana

Da Joana há a dizer que pertence a uma das famílias mais prestigiadas de Silveira. O avô paterno foi advogado do próprio Teotónio. Foi ele que ajudou a criar a Silveira do ponto de vista legal, ou se quisermos ilegal. O filho não quis seguir as pisadas do pai e formou-se médico, podia muito bem ser o director geral do Health And Care Grand Hospital da Silveira. Prefere ter um consultório no fim da Main, mesmo em frente ao Liceu Geral. O pai da Joana chama-se Filipe Miguel Barata Capuchinho e quando voltou formado em medicina trazia consigo a sua esposa Margarida da Cruz Diniz, uma recém formada professora de matemática. Eu não a tive porque a Joana tem sido da minha turma desde a primária.

A família por inerência histórica é prestigiada, mas houve outras que se sobrepuseram em poder e, quiçá, brilho. Os Capuchinhos vivem para o serviço e quem governa vive para ser servido. No entanto as filhas não deixaram de pertencer ao grupo “bem”. A Maria Luísa deve já estar arrependida de não ter ido para a Universidade. Por causa do calhorda do Rui ela pode ter hipotecado um futuro brilhante, era e é tão boa aluna como a Vanessa. O que o amor faz.

A Joana, quando era uma menina “bem”, era no entanto discreta e afável para todos. Como já disse, antes de a conhecer melhor tinha uma imagem dela bastante desfavorável. Se não tivesse existido aquele trabalho, nunca me teria cruzado com ela. A sua discrição passa também pela pouca notoriedade escolar a nível de notas. É popular pela simpatia, mas ninguém se preocupa muito com ela. O ostracismo votado pelo avô ao filho atingiu-a também, mas o mais interessante é que ela gosta disso, sempre se sentiu incomodada pela popularidade da irmã.

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