O rio merece uma certa atenção. Sem dúvida que tenho que louvar a coragem e engenho do nosso Teotónio. O rio não existia quando comprou os terrenos. Nem mesmo um ribeiro. Nada. Mas isso não o impediu de prosseguir o seu sonho. Mais a norte há uma ribeira afluente do rio Sado. Numa zona de vários montes foi construída uma barragem. Também construi-se um canal que vai buscar água a essa ribeira. Vai buscar tanta que o caudal da ribeira vai todo para a barragem e ainda vem água do Sado, mercê de umas obras engenhosas de desnivelamento o leito da ribeira a fim receber a água sadina. Portanto o nosso rio tem esta origem. A barragem serve para normalizar o caudal do rio. Isto a montante, a jusante, também entre montes, há mais uma barragem que permite que o rio tenha um caudal abundante. A água passando por essa barragem segue por um outro canal até ao Sado. Para além do nivelamento e manutenção do rio, as barragens também servem para gerar energia eléctrica.
O rio é algo sinuoso, como convém, mas permite haver uma praia e um espaço para praticar remo, para além de canoagem logo à saída da barragem norte. Houve em tempos uma discussão sobre a necessidade ou não de piscinas. O rio venceu.
Outro facto curioso relacionado com o rio é o seu nome: Fiona. Sim, o nosso rio tem um nome feminino. Houve grande celeuma nos primórdios da cidade. Obviamente que o Teotónio quis perpetuar em Silveira o nome da sua amada e também, a bem da verdade, a grande, quiçá principal, responsável, mesmo que indirectamente, pela existência desta cidade. Pois foi com o dinheiro que ela deixou como herança que isto tudo foi construído. Já que não foi dado o nome dela à própria cidade, ninguém conseguiu demover o Teotónio de baptizar o nosso rio com o nome da sua amada. As vozes machistas, que afirmavam ser inadmissível um rio, palavra masculina, ter um nome feminino, foram logo caladas com o nome do rio Guadiana.
Fiona teve uma existência conturbada no início. Então não é que a cidade dirigiu os esgotos todos para o rio (curiosa imagem para um rio com um nome tão significativo). Obviamente que rapidamente repararam que o belo rio que tinham à porta não era mais do que um feio esgoto. Feio e mal cheiroso, suponho eu. Grandes discussões no salão nobre da Câmara, nos restaurantes e pubs (em Silveira não há cafés como no resto do pais, americanices). Muito debate houve nesta cidade, curiosamente no tempo em que no país não havia debate e se alguém quisesse era preso. A clandestinidade tem as suas vantagens.
Como não havia solução alternativa, a cidade teve que criar um sistema de tratamento de esgotos. Não, não os enviaram para a foz do rio Fiona, não havia garantias que a poluição não fosse entrar na nascente, visto que o rio Sado corre de sul para norte. Eu sorrio sempre ao pensar nisso. O sistema foi do mais moderno para a altura e actualmente continua a ser dos mais avançados do mundo. Temos cinquenta anos de experiência.
A água consumida na cidade é obviamente do rio Fiona, devidamente tratada, logo extraída da barragem norte. Porão alguma coisa nela para agarrar os silveirenses ao doce remanso da terra natal? Isso não sei.
O rio é algo sinuoso, como convém, mas permite haver uma praia e um espaço para praticar remo, para além de canoagem logo à saída da barragem norte. Houve em tempos uma discussão sobre a necessidade ou não de piscinas. O rio venceu.
Outro facto curioso relacionado com o rio é o seu nome: Fiona. Sim, o nosso rio tem um nome feminino. Houve grande celeuma nos primórdios da cidade. Obviamente que o Teotónio quis perpetuar em Silveira o nome da sua amada e também, a bem da verdade, a grande, quiçá principal, responsável, mesmo que indirectamente, pela existência desta cidade. Pois foi com o dinheiro que ela deixou como herança que isto tudo foi construído. Já que não foi dado o nome dela à própria cidade, ninguém conseguiu demover o Teotónio de baptizar o nosso rio com o nome da sua amada. As vozes machistas, que afirmavam ser inadmissível um rio, palavra masculina, ter um nome feminino, foram logo caladas com o nome do rio Guadiana.
Fiona teve uma existência conturbada no início. Então não é que a cidade dirigiu os esgotos todos para o rio (curiosa imagem para um rio com um nome tão significativo). Obviamente que rapidamente repararam que o belo rio que tinham à porta não era mais do que um feio esgoto. Feio e mal cheiroso, suponho eu. Grandes discussões no salão nobre da Câmara, nos restaurantes e pubs (em Silveira não há cafés como no resto do pais, americanices). Muito debate houve nesta cidade, curiosamente no tempo em que no país não havia debate e se alguém quisesse era preso. A clandestinidade tem as suas vantagens.
Como não havia solução alternativa, a cidade teve que criar um sistema de tratamento de esgotos. Não, não os enviaram para a foz do rio Fiona, não havia garantias que a poluição não fosse entrar na nascente, visto que o rio Sado corre de sul para norte. Eu sorrio sempre ao pensar nisso. O sistema foi do mais moderno para a altura e actualmente continua a ser dos mais avançados do mundo. Temos cinquenta anos de experiência.
A água consumida na cidade é obviamente do rio Fiona, devidamente tratada, logo extraída da barragem norte. Porão alguma coisa nela para agarrar os silveirenses ao doce remanso da terra natal? Isso não sei.
"A clandestinidade tem as suas vantagens" - uau, em Silveira não houve ditadura nem salazarismo! O melhor mesmo é continuar clandestina, se não o Partido Comunista aproveita-se logo dela, fazendo dos seus habitantes heróis resistentes ;)
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