sexta-feira, 22 de abril de 2011

63 – Uma teoria cá minha

Então não é que aquelas alminhas, silveirenses claro, leram a minha mensagem na parede como uma contestação à política financeira do Mayor? Tanto agente da autoridade junto chamou a atenção para o sucedido. Como o escrito foi logo apagado, a história sobreviveu na boca das testemunhas. E depois passou de boca em boca. Todo cidadão que nunca duvidara das finanças silveirenses começou a pensar duas vezes.

Não sei se alguém teorizou sobre o assunto, mas é assim: pega-se num universo limitado de indivíduos, fornece-se uma dada informação descontextualizada e a mentira passa a verdade. Mais, o que não existia, passa a existir. Porquê? Porque se até ao momento essa informação não fora vinculada, é porque não existira, passando a existir por alguma razão isso acontecera. E essa razão deve passar, é provável ou possível, que passe, por haver a necessidade de ser revelada. Ou seja, aparece porque a verdade vem sempre ao de cima. No presente caso, quem se daria ao trabalho de arriscar-se à prisão para dizer uma mentira? Os boatos surgem em conversas causais, as insinuações falsas são quase subliminares. Escrever uma mentira numa parede seria menos eficaz do que passá-la da boca para o ouvido. Escrever numa parede dá trabalho, eu que o diga, por isso é valorizado. Se pintam na parede uma insinuação de que algo se passa nas finanças da cidade, então é porque algo se passa mesmo.

E assim se vê como um miúdo apaixonado gera a confusão numa cidade. Em vez de chegar ao pé da Joana e declarar-me, resolvi inovar. Aí está o resultado. O boato sobre a má gerência do Mayor alastrou-se pela Silveira como fogo nas silvas.

1 comentário:

  1. Os miúdos apaixonados costumam gerar muitas confusões, sim ;)

    Pois a situação vai escalar...

    Mas a Joana há-de encontrar o papelinho, não?

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