terça-feira, 26 de abril de 2011

64 – Passeio dominical adornado por mais uma teoria

As raparigas queriam mostrar a cidade à Clarissa. Descobri isto pela conversa das três. Pelos vistos tinham combinado um passeio na noite anterior, depois de eu ter saído.

Ainda havia algum nevoeiro, o que embelezou a margem leste do Fiona. Fomos até à beira rio em frente da Câmara. Estava fresco, mas era realmente um belo espectáculo ver o recuo do nevoeiro pelas águas até à margem. A princípio só distinguíamos ténues sombras, mas à medida que o vento Oeste o empurrava a massa de vapor desagregava-se. Certo sítios viam-se melhor que outros. Mais a baixo chegou-se a ver um braço da nuvem ainda na cidade que ficou cortado por uma súbita viragem da direcção do vento.

Ao contrário do que tenho observado, desta vez depois do nevoeiro não veio o céu azul. Por cima da neblina densa descobriu-se uma larga camada de nuvens cinzentas. Nada de sol nem de azul do céu. Olhando para a atmosfera não me admiraria que chovesse ao longo do dia. A meio da manhã começaram a aparecer nuvens mais baixas que passavam rapidamente vindas do mar.

Depois da beira rio, descemos a Main até ao Liceu Geral. Fomos fazendo uma apresentação detalhada dos estabelecimentos por onde passávamos e das pessoas que neles trabalhavam. Chegados ao Liceu a Clarissa perguntou:

- Porquê que o Liceu tem o nome em português? Tudo o que tenho visto aqui faz referência ao meu avô ou à América.

Era bem vista a pergunta. Realmente tinha o nome pomposo de Liceu Geral Silveirense. Poderia ter tido o nome de Silveira’s High School ou outra coisa do género.

Não sabíamos. Eu congeminei no momento uma teoria. Talvez fosse para dar a ideia de que apesar de todas as evocações americanas nós vivíamos em Portugal. As gerações formadas naquela escola deviam estar preparadas com uma forte cultura portuguesa para o caso de irem viver para longe a cidade (o que segundo outra teoria minha isso não é possível).

Seja como for a nossa única escola tem um nome português.

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