sexta-feira, 15 de abril de 2011

61 – É agora!

Concluíra o meu plano. Nada dependia mais de mim. Talvez por isso vivi a celebração mais intensamente. Consegui manter o meu pensamento afastado do que fizera e das consequências, ainda era cedo para surgirem. Os cântico tocaram-me de maneira especial pela sua beleza. Os tempos do ritual, estar de pé, sentar, os silêncios, as leituras. Havia lugar para mim, também. Havia lugar para todos, percebi.

Desta vez a Joana não subiu ao... sei que tem um nome próprio, mas não me lembro... chamo-lhe microfone. Ela desta vez não participou nas leituras. Pelos vistos vão rodando. A Vanessa e a Clarissa estavam perto, dois banco atrás. Esta, das duas, parecia mais familiarizada com o ambiente de uma missa. E não mostrou qualquer embaraço por se mostrar. O povo silveirense é bastante ordeiro e obediente, sendo o católico talvez ainda mais. Certamente miraram a forasteiras, eu é que não dei por nada. Terá sido por estar a viver a celebração tão intensamente?

No final, esperei por elas. Cumprimentei a duas e soube de como me viram absorto no início. Deixámos sair a maioria das pessoas, a Joana demorou-se um pouco. Estávamos dentro da Igreja, perto da porta. Espreitei para fora com a pulsação a acelerar. O nevoeiro estava a desaparecer. Meu Deus, estava quase!

Estrategicamente deixei as raparigas passar. Vimos algumas pessoas ainda por ali. Estavam a apontar para o hospital, que ficava em frente. Era agora. Estava bem visível o que eu viera fazer na altura em que a Joana foi à sacristia. E como seria de esperar já lá estava um delgado a olhar feito parvo.

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