terça-feira, 19 de abril de 2011

62 – Mas... mas... o que aconteceu?

Na parede do hospital estavam escritas as seguintes palavras: OLHA O TEU BOLSO. Ok, sou um gajo meio complicado. Porquê dar-me a este trabalho todo? Porque sim. Não posso?

Eu gosto muito da Joana, quis fazer algo em grande, algo para a pôr a pensar. Se for a autora desconhecida dos poemas, sabe que estou interessado. Se não, vai ficar no mínimo curiosa. No bolso dela coloquei mais um poema.

Ainda tive a esperança de ela ir ver os seus bolsos naquele momento, mas por azar passou por nós a esposa do Sr. Peninha a dizer para a irmã:

- Já viste isto, mana, agora andam com políticas na cidade. Está tudo de pernas para o ar.

Não ouvi o que a mana respondeu, nem percebi à primeira o que a outra dissera. O que é que o meu graffiti tinha a ver com a política? O que é certo é que outros delegados estavam a chegar e o xerife directamente de casa, nada satisfeito por ter sido chamado tão cedo, nem vinha fardado.

- O que quer dizer aquilo? – Perguntou a Clarissa.

Eu preferi não emitir opinião. Encolhi os ombros e abanei a cabeça. O spray de tinta para electrodomésticos começava a pesar-me na consciência, não pelo que fizera, mas pelo receio de ser topado por quase todos polícias da cidade.

- Será que se passa alguma coisa nas finanças da cidade? – Perguntou a Vanessa à Joana.

- Eu não ouvi falar nada, mas lá em casa pouco se fala do governo da cidade.

- Não existe nenhuma obra grande para ser feita? – Perguntou a Clarissa olhando de novo para o meu graffiti, que depois de ter sido fotografado já estava a ser pintado.

- Não. Tirando a recuperação da casa do teu avô. – Disse a Vanessa. – O que achas, Beto?

Lá tive que encolher os ombros, abrir e fechar a boca simbolizando não ter palavras. Estava mesmo sem elas. O que raio acontecera? Era suposto a Joana ir ao bolso da gabardina e encontrar o meu poema.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Queria deixar aqui a sua opinião.