sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

27 – E o Mayor falou

Eu estava surpreendido. A Joana pareceu-me embaraçada. O Mike estava divertido. E a Vanessa avisou-nos que se notavam movimentações na Delegacia. Por isso não houve tempo para falarmos sobre o que aconteceu nem sobre o que eu tinha descoberto. As pessoas ajuntaram-se junto à porta. Já lá estava uma equipa da rádio e da televisão, eram os mesmos, na rádio passaria o som da televisão.

Quem vinha à frente era o Mayor. Como um bom político vinha a sorrir como se tivesse acabado de ver uma comédia teatral. Mas o mais certo era essa comédia estar preste a começar, ali mesmo à saída da Delegacia. Avançou o suficiente para deixar sair grande parte do Concelho e preparou-se para fazer uma comunicação. Logo atrás do lado direito estava o Dr. Capuchinho circunspecto. O meu pai via-se lá para trás e parecia empenhado em conseguir sair dali sem esperar pelo discurso do Mayor. O pai da Joana teve mais sorte e antes do Mayor falar já se dirigia para casa. Olhou para nós e fez sinal para a filha segui-lo. Assim o fez. Tive pena do meu pai. Houve algumas fotografias. Sim, os jornalistas dos jornais e seus fotógrafos conseguiram chegar a tempo. Silêncio, o Mayor vai falar:

- Amigos Silveirenses. Como é do vosso conhecimento, e se não fosse, não estaríeis aqui, (1) o que me alegra porque demonstra o quão elevada está a nossa democracia, visto terem acorrido em tão grande número e tão solicitamente, mostra igualmente o interesse que vocês têm pelo bom funcionamento das instituições e da nossa sociedade em geral. (2) Todo o Silveirense ama esta terra. Todo o Silveirense só existe em função da sua terra que alimenta com o suor e sangue do seu trabalho. Silveira não é uma terra, são vocês, vocês mulheres e homens, meu irmãos, sangue do meu sangue. Todos nós partilhamos um sonho. Todos nós, já somos esse sonho. Todos nós, queremos concretizar esse sonho nos nossos filhos e netos e filhos deles! (3) Como soldados na mais encarniçada batalha nós damos a nossa vida de bom grado, oferecemo-la à nossa gloriosa pátria, Silveira, este chão sagrado que tenho a honra de servir e beijo reverentemente com lágrimas nos olhos e o coração em êxtase. Sou teu filho Silveira, queres que marche para tua glória contra as baionetas assassinas e opressoras, pois vou! Vou! Vou, sem hesitar, sem olhar para trás, pois tu mereces tudo, tudo. E mais eu fosse, e mais eu tivesse, e mais eu te daria! Silveira! (4) Viva Silveira! Viva Silveira! Grito até ficar rouco, viva Silveira! (5) E de coração exultante levemos para casa esta certeza eterna que Silveira será sempre nossa, como dela seremos sempre nós. Obrigado e um bom domingo. Viva Silveira Amada. Viva!

E o Mayor falou.

1 comentário:

  1. O homem é mesmo político!!! Falou, falou... E não disse nada...

    Bem, mantém-se o suspense.

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