Os meus pais ainda quiseram proibir-me de chegar perto da Clarissa, mas como em tantas outras coisas as decisões familiares passavam pelo aconselhamento com família do Mike. Neste caso, felizmente para mim, o Mike só foi sujeito a uma grande reprimenda. Depois do almoço já tudo tinha passado e nós os dois caminhávamos calmamente em direcção da Teotónio da Silva Street.
Ao passarmos pelo cruzamento voltei a minha atenção para o assunto do poema. Parei e reli-o. Era ali que a Joana queria que o lesse. Nem ouvi o Mike a perguntar-me porquê que parara. O que ela queria dizer? Não parecia seu, pelo menos não fazia lógica que fosse dela depois da minha resposta.
- Ó, Mike, quem é que tu achas que escreveu isto?
- Fui eu claro. Quem havia de ser?
- Escreveste o poema? Tu?
- Quem havia de ser?
Olhei para ele de frente em estado de choque. Ele falava com naturalidade. Algo estava a escapar-me.
- Tu escreveste como se fosses uma rapariga?
- O quê?
- O quê o quê?
- Mau. Beto estás maluco?
- Ahn?
- De quê que estamos a falar? – Tinha as mãos na cintura.
- Do poema?
- Sim.
- Estás a dizer que escreveste este poema?
- Yeah, não reconheces a minha letra? Beto, meu, estás maluco?
Olhei para o papel e percebi.
- Ó, minha grande besta! Eu estava a perguntar sobre quem tinha escrito o poema no chão. Estás parvo ou a gozar comigo? – A minha voz deve ter sido ouvida nas ruas até bem longe. Depois só se ouviram as gargalhadas do Mike. As minhas levaram algum tempo a fazerem-se ouvir.
Bem, aguardemos os próximos episódios...
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