terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

42 – Venerável casa com governanta e jardim

Depois das aulas daquela sexta-feira os Espinhos foram dar as boas-vindas à prima Clarissa. A Joana levou-nos à casa do avô. Já que íamos atravessar Silveira inteira, resolvemos passar pelas nossas casas e assim andarmos livres de sacos escolares. O ponto de encontro foi a loja do meu pai.

A casa do Dr. Capuchinho representa bem a arquitectura norte-americana. Grande, maior até que a Casa-Museu do Teotónio da Silva, dois largos pisos, com um razoável e bem tratado jardim em redor, árvores nas traseiras, um carreiro de flores rente à sebe de madeira pintada de branco de cada lado e, à frente até ao passeio, relva sempre bem aparada.

A Joana tocou à campainha. Quem abriu foi a governanta, dona Maria. Ela, o marido e os dois filhos cuidam da casa e da vida doméstica do venerável causídico. Pelo que se vê trabalhar naquela casa é um negócio de família, iniciado pela falecida mãe da dona Maria, Maria também de seu nome, com direito a dona e tudo. A neta, mesmo sendo Cristina, a Maria e dona arrisca-se a vir ser, caso a ameaça das forasteiras se dissipe e o doutor viva muitos anos ou algum familiar seu venha para aquela casa morar.

- Ah, menina Joana, bons olhos a vejam. Oh, como está crescida! Veio visitar as convidadas?

- Olá, dona Maria. Como está? Sim, viemos. O meu avô pediu-me para fazer companhia à mais nova e convidou os meus amigos também.

- Sim, o Senhor Doutor informou-me. Entre, entre menina, e os meninos também. – Fez-nos entrar toda sorrisos. Passámos pela porta de rede que abria para fora e quando a governanta fechou a outra nas nossas costas, disse: - Ah, que alegria voltar a vê-la, menina, nesta casa. Sabe, o Senhor Doutor gosta muito de si, a menina sempre foi a preferida, embora goste também muito da sua irmã, mas com é a mais nova, ou talvez por dar muitos ares à sua avó, que Deus a tenha. E se os meninos não acreditarem, vejam bem os retratos na sala.

Fomos encaminhados para a sala de estar que ficava à direita do hall. Depois de contemplarmos um belo quadro sob a lareira a Joana apresentou-nos. A dona Maria disse que ia chamar as convidadas e que ia preparar um belo lanche para todos. Depois de sair a Joana disse-nos que o belo lanche, se a dona Maria não tivesse mudado, acabaria por servir já de jantar. O Mike e o Luís esfregaram as mãos de contentes, aqueles dois são poços sem fundo, dois sorvedouros de comida.

A Joana disse-nos que houve uma altura em que o pai e o avô estiveram mais próximos, mais ou menos até ela acabar a primária. Até essa altura as duas irmãs eram visitas assíduas do avô e da casa. Aos poucos pai e filho foram ficando mais distantes e após uma discussão mais acesa, elas foram praticamente proibidas pelo pai de serem presença constante na casa do avô.

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