terça-feira, 7 de junho de 2011

76 – A conversar nos entendemos

- Mas de raparigas já entendes. Certo?

- Meu, estás a brincadeira? És mesmo criança.

- Olha ele a chamar-me criança. Eu sou mais velho dois meses.

- Mas eu sou mais maduro.

- Vê-se. Se fosses, não dizias que não entendes as mulheres.

- Por ser mais maduro é que o digo.

- Tu estás parvo.

- Criança...

- Pois... mas afinal o que se passa?

- É pá, não sei. Tu estavas lá. Elas estavam a discutir. As coisas azedaram e a Vanessa saiu.

- E nós viemos atrás dela. O que há para entender?

- A Vanessa.

- A Vanessa?

- Sim.

- Então?

- Então o quê?

- O que é que tem a Vanessa?

- Pois é isso que eu queira saber.

- Ahn?

- Afinal quem está parvo és tu. Eu pergunto-me o que é que a Vanessa tem? Ela anda estranha há algum tempo.

- Ah! Isso.

- Também reparaste?

- Eu posso ser mais infantil, mas não ando cego.

- Pois.

- Eu acho que anda assim por causa da mãe dela. Sabes como ela é. Bem a viste há pouco, antes do almoço. Aquilo dá cabo de qualquer um.

- Não sei. Há algo mais.

- Achas?

- Ás vezes, quando fala comigo, parece estar a cobrar-me alguma coisa.

- Ficaste a dever-lhe alguma coisa?

- Acho que não. Não me lembro de ter alguma coisa emprestada por ela ou dinheiro.

- Se calhar, tu que és tão entendido em mulheres, fizeste-te a ela e...

- A ela? Nunca.

- Não te terás esticado com ela?

- Não... quer dizer... acho que não...

- Apanhaste alguma bebedeira ultimamente?

- Tu bem sabes que não. O meus pais matavam-me. Não, não pode ter sido isso.

- Se calhar sorriste-lhe alguma vez de uma forma menos de amigo...

- Lá estás tu. Mas tu julgas que eu faço-me todo o rabo de saia?

- Queres que te faça uma lista?

- Vá. Vamos falar a sério. Ando preocupado com ela.

- Desde quando?

- Eu preocupo-me com os meus amigos.

- Só te fica bem, mas esta preocupação com ela é de amigo?

- Claro, havia de ser de quê?

- Também te preocupas com a Joana?

- Com ela é diferente.

- Porquê?

- Ora, porquê? Porque sim.

- Bela resposta. Estás a ver? Se calhar a tua preocupação não é só de amigo.

- Claro que é. Eu... eu, só conheço a Vanessa há mais tempo. Só isso.

- Hum... se fosse a ti, pensava melhor. A Vanessa é uma miúda gira, nunca lhe conhecemos um namorado. É esperta, talvez te fizesse bem namorares com uma mais inteligente do que o habitual.

- Pára com isso, meu. Não quero confusões com ela.

- Só há confusão se tu provocares. Se a tratares de forma diferente das outras, não há confusão.

- Mas quem é que disse que eu quero andar com ela?

- Digo eu por ti. Está na cara, vejo agora claramente, que gostas dela. Lembro-me de sexta-feira depois de virmos da loja do meu pai. A tua maneira de estar ao pé dela... como é que não percebi na altura?

- Estás parvo? Eu e a Vanessa? Não é possível. Nós somos amigos.

- Mas tu próprio disseste que te preocupas com ela... e eu acrescento: de forma diferente da Joana. Está clarinho, estás apaixonado pela Vanessa.

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