- Mas de raparigas já entendes. Certo?
- Meu, estás a brincadeira? És mesmo criança.
- Olha ele a chamar-me criança. Eu sou mais velho dois meses.
- Mas eu sou mais maduro.
- Vê-se. Se fosses, não dizias que não entendes as mulheres.
- Por ser mais maduro é que o digo.
- Tu estás parvo.
- Criança...
- Pois... mas afinal o que se passa?
- É pá, não sei. Tu estavas lá. Elas estavam a discutir. As coisas azedaram e a Vanessa saiu.
- E nós viemos atrás dela. O que há para entender?
- A Vanessa.
- A Vanessa?
- Sim.
- Então?
- Então o quê?
- O que é que tem a Vanessa?
- Pois é isso que eu queira saber.
- Ahn?
- Afinal quem está parvo és tu. Eu pergunto-me o que é que a Vanessa tem? Ela anda estranha há algum tempo.
- Ah! Isso.
- Também reparaste?
- Eu posso ser mais infantil, mas não ando cego.
- Pois.
- Eu acho que anda assim por causa da mãe dela. Sabes como ela é. Bem a viste há pouco, antes do almoço. Aquilo dá cabo de qualquer um.
- Não sei. Há algo mais.
- Achas?
- Ás vezes, quando fala comigo, parece estar a cobrar-me alguma coisa.
- Ficaste a dever-lhe alguma coisa?
- Acho que não. Não me lembro de ter alguma coisa emprestada por ela ou dinheiro.
- Se calhar, tu que és tão entendido em mulheres, fizeste-te a ela e...
- A ela? Nunca.
- Não te terás esticado com ela?
- Não... quer dizer... acho que não...
- Apanhaste alguma bebedeira ultimamente?
- Tu bem sabes que não. O meus pais matavam-me. Não, não pode ter sido isso.
- Se calhar sorriste-lhe alguma vez de uma forma menos de amigo...
- Lá estás tu. Mas tu julgas que eu faço-me todo o rabo de saia?
- Queres que te faça uma lista?
- Vá. Vamos falar a sério. Ando preocupado com ela.
- Desde quando?
- Eu preocupo-me com os meus amigos.
- Só te fica bem, mas esta preocupação com ela é de amigo?
- Claro, havia de ser de quê?
- Também te preocupas com a Joana?
- Com ela é diferente.
- Porquê?
- Ora, porquê? Porque sim.
- Bela resposta. Estás a ver? Se calhar a tua preocupação não é só de amigo.
- Claro que é. Eu... eu, só conheço a Vanessa há mais tempo. Só isso.
- Hum... se fosse a ti, pensava melhor. A Vanessa é uma miúda gira, nunca lhe conhecemos um namorado. É esperta, talvez te fizesse bem namorares com uma mais inteligente do que o habitual.
- Pára com isso, meu. Não quero confusões com ela.
- Só há confusão se tu provocares. Se a tratares de forma diferente das outras, não há confusão.
- Mas quem é que disse que eu quero andar com ela?
- Digo eu por ti. Está na cara, vejo agora claramente, que gostas dela. Lembro-me de sexta-feira depois de virmos da loja do meu pai. A tua maneira de estar ao pé dela... como é que não percebi na altura?
- Estás parvo? Eu e a Vanessa? Não é possível. Nós somos amigos.
- Mas tu próprio disseste que te preocupas com ela... e eu acrescento: de forma diferente da Joana. Está clarinho, estás apaixonado pela Vanessa.
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