Depois deste começo meio atribulado lá nos encaminhámos para a casa do Dr. Capuchinho em harmonia. A caminhada, como já deu para perceber, não foi longa, já que nesta cidade nada está muito longe. Uma rua, outra, um cruzamento e já estamos a chegar. Mais uns passos naquela pacata artéria e a bela casa do avô da Joana mostrava-se ao pouco sol que despontava por entre as nuvens. Depois de uma manhã de nevoeiro estava a começar uma tarde de tempo instável, algum vento, abertas e ameaços de aguaceiros.
Se o ambiente climatérico apresentava-se incerto, algo revolto, o clima que fomos encontrar dentro de casa não estava melhor. A dona Maria abriu-nos a porta com o semblante carregado, mas não nos disse nada. Também não foi preciso. Antes de entrarmos na sala de estar ouvimos a voz da Clarissa:
- Tia, estou a ficar farta desta conversa.
- Ai, a menina hoje está tão susceptível!
A discussão, ou conversa animada, teve uma pausa com a nossa entrada. A Clarissa e a Vanessa estavam de pé. A sobrinha em frente da tia, que permanecia sentada, e a visita perto da janela com cara de caso. Também de medo ou vergonha, não sei bem. Nunca é coisa boa de se ver uma discussão familiar. A tia foi rápida a dar-nos as boas-vindas:
- Ah, chegaram mais uns quantos do gang. – Olhou para a porta como que à procura de alguém. Sempre sentada. – Então, o namoradinho? E a coisinha? Não vieram?
Coisinha? Oh, hoje o dia está a correr lindamente! Como é que aquela carcaça falsamente recauchutada ousa chamar de coisinha ao melhor ser do universo? Felizmente para aquela... aquela... nem sei o que lhe chamar sem baixar o nível, felizmente para ela a Clarissa interveio.
- Tia! Isso são modos? Não trate assim os meus amigos!
- Oh, querida, entendeu tudo mal. – Então e eu, entendi como? – Não me lembro como se chama a outra menina. – Sorriu, mas nunca se viu sorriso mais falso à face da terra. – Do fundo do meu coração lhe digo que fico feliz por fazer amigos aqui nas suas propriedades...
- Lá está a tia... – A Clarissa devia estar a desesperar. Virou as costas à tia e afastou-se um pouco. Esta levantou-se insinuante.
- Mas querida... esta urbanização foi construída nas suas propriedades. Convém ter boas relações com as pessoas que aqui vivem, não é? – Virou-se para nós com a expressão de sinceridade e inocência mais falsa que vi. E já vi muitos filmes mal representados.
Houve um pequeno silêncio. A Clarissa voltou-se para ela com uma expressão de riso carregada ainda de irritação.
- Urbanização? A tia chamou a esta cidade urbanização?
A tia riu-se.
- Claro, querida. Você e eu já viajámos alguma coisa para sabermos que isto aqui de cidade tem pouco. Vá, concedo que seja uma vila, mas querida... isto é tudo ilegal. Nada disto está registado nos registos, nas conservatórias. Cidade? Oh, por favor!
Se o ambiente climatérico apresentava-se incerto, algo revolto, o clima que fomos encontrar dentro de casa não estava melhor. A dona Maria abriu-nos a porta com o semblante carregado, mas não nos disse nada. Também não foi preciso. Antes de entrarmos na sala de estar ouvimos a voz da Clarissa:
- Tia, estou a ficar farta desta conversa.
- Ai, a menina hoje está tão susceptível!
A discussão, ou conversa animada, teve uma pausa com a nossa entrada. A Clarissa e a Vanessa estavam de pé. A sobrinha em frente da tia, que permanecia sentada, e a visita perto da janela com cara de caso. Também de medo ou vergonha, não sei bem. Nunca é coisa boa de se ver uma discussão familiar. A tia foi rápida a dar-nos as boas-vindas:
- Ah, chegaram mais uns quantos do gang. – Olhou para a porta como que à procura de alguém. Sempre sentada. – Então, o namoradinho? E a coisinha? Não vieram?
Coisinha? Oh, hoje o dia está a correr lindamente! Como é que aquela carcaça falsamente recauchutada ousa chamar de coisinha ao melhor ser do universo? Felizmente para aquela... aquela... nem sei o que lhe chamar sem baixar o nível, felizmente para ela a Clarissa interveio.
- Tia! Isso são modos? Não trate assim os meus amigos!
- Oh, querida, entendeu tudo mal. – Então e eu, entendi como? – Não me lembro como se chama a outra menina. – Sorriu, mas nunca se viu sorriso mais falso à face da terra. – Do fundo do meu coração lhe digo que fico feliz por fazer amigos aqui nas suas propriedades...
- Lá está a tia... – A Clarissa devia estar a desesperar. Virou as costas à tia e afastou-se um pouco. Esta levantou-se insinuante.
- Mas querida... esta urbanização foi construída nas suas propriedades. Convém ter boas relações com as pessoas que aqui vivem, não é? – Virou-se para nós com a expressão de sinceridade e inocência mais falsa que vi. E já vi muitos filmes mal representados.
Houve um pequeno silêncio. A Clarissa voltou-se para ela com uma expressão de riso carregada ainda de irritação.
- Urbanização? A tia chamou a esta cidade urbanização?
A tia riu-se.
- Claro, querida. Você e eu já viajámos alguma coisa para sabermos que isto aqui de cidade tem pouco. Vá, concedo que seja uma vila, mas querida... isto é tudo ilegal. Nada disto está registado nos registos, nas conservatórias. Cidade? Oh, por favor!
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