terça-feira, 10 de maio de 2011

68 – Gentilezas

A Vanessa acabou por ir almoçar com a Clarissa. A minha Joana também se ofereceu, mas o argumento da neta do senhor Teotónio foi mais forte: a dona Maria faz mais comida. Cada refeição naquela casa é quase um banquete. A tia Bernarda queixava-se muito de que o dona da casa queria expulsá-las da cidade através do excesso de comida. Ela há anos que lutava para não engordar e agora sempre que descia à sala de jantar, só de olhar para a mesa, engordava. E muito, já que a dona Maria é uma excelente cozinheira.

Por entre os nossos risos a própria Clarissa confessou ter aumentado de peso, mas não se importava. Desde que vivia com a tia andava mais magra do que desejava. Nesta semana silveirense ainda não chegara ao peso ideal, mas já aumentara um pouco.

- És um espanto, Clarissa. – Disse embevecido o Luís, desta vez até eu vi. – A maioria das raparigas não quer engordar.

- Fiquem descansados, assim que eu chegar meu peso normal, fico igual a todas as outras...

Neuróticas pelo peso e pela gordura, pensei eu. Tenho duas irmãs lá em casa, mais a minha mãe, bem sei o que é essa neurose. Mas enfim...

- Serás sempre especial. – Concluiu o Luís.

Meus amigos, nem tanto ao mar nem tanto à terra. Agora só falto eu ajoelhar-me e declarar o meu amor pela Joana. Por favor! Mas bem vistas as coisas talvez tivesse sido melhor. Cheira-me que esta minha mania de fazer as coisas de uma forma pouco convencional ainda vai causar muitas chatices a ver pela amostra de hoje à saída da igreja.

De uma forma natural cada um partiu para sua casa. Combinámos encontrarmo-nos por volta das duas da tarde ali no Point. Uma parte do meu trajecto foi partilhado pela Vanessa e pela Clarissa. Elas iam juntas, entreolhavam-se e portavam o riso sempre que o Mike dizia:

- Este Luís, este Luís.

3 comentários:

  1. "Neuróticas pelo peso e pela gordura" - pois é! No dia em que os homens deixarem de admirar as meninas nas revistas de corpos perfeitos, sem ponta de gordura, talvez deixemos essa neurose...

    Sim, o Beto devia ajoelhar-se e declarar o seu amor pela Joana!

    Já agora, caro Jota, aproveito para lhe dizer que os Homens da Luta não causaram polémica nem sensação aqui na Alemanha (pelo menos, que eu me apercebesse). Foram eliminados ontem, para grande desgosto meu. Já escrevi sobre isso no 2711, se quiser ler:

    http://em2711.blogs.sapo.pt/1365831.html

    Sniff! Somos um jardim à beira-mar plantado, sim. Mas quase tão desconhecidos do resto do mundo, como Silveira, a cidade imaginária. Talvez sejamos um país imaginário...

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  2. Foi o Fernando Pessoa ou o Camões que falou que Portugal foi imaginado por não sei quem? Sou péssimo em citações, mas tenho ideia de que alguém disse algo do género.

    Sermos um país imaginário é bem interessante :)

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  3. Olhe, também não sei, não estou a par dessa citação. Pode ser que algum dia "esbarre" com ela :)

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