Quem nos veio abrir a porta foi a própria Joana. Ficou espantada por nos ver ali. Obviamente que a Vanessa não estava. Entrámos para a sala. A mãe veio cumprimentar-nos e subiu ao piso de cima. Contámos a cena na casa do avô Capuchinho. Ela ficou pensativa e por fim disse:
- Na verdade não devia surpreender, todos sabíamos que o Conselho Municipal ia requerer a prova genética... seria o que eu faria... por isso, não me espanta.
- A Vanessa ficou assim porquê? – Perguntei eu. – Tenho estado a pensar e não vejo uma razão forte para ficar chateado com a Clarissa só porque não nos disse nada.
- Ai não vês? – Disse o Mike olhando para mim admirado.
- Não... quer dizer, acho que não... sei lá. Que me importa saber se ela deu o sangue na segunda-feira ou amanhã!
- Ela não pode ter dado amanhã.
- Man, deixa de ser picuinhas. É forma de falar. Pouco me importa se ela deu o sangue na segunda ou ontem! Satisfeito?
- Vá, não se zanguem.
- O Beto, hoje está estranho.
- Lá estás tu...
- Meninos! Vamos lá, nada de picardias agora. – Fez uma pausa. – Eu também estou como o Beto, não me importa se ela fez e não nos disse nada. Afinal só fomos ter com ela quatro dias depois. Ela é porreira. Quem me preocupa é a Vanessa. Está a passar uma fase muito difícil.
- Não fazes ideia para onde terá ido? – Perguntou o Mike todo condoído. (Espero não fazer figuras destas, tenho que ter cuidado)
- Para aqui não veio... talvez tenho ido para casa.
- Eu não te disse? – Dei-lhe uma palmada no ombro.
- Então vou lá. – Ergueu-se logo num salto, assustando-nos. Perto da porta, voltou-se. – Talvez seja melhor vocês irem à Câmara, pode ser que tenha ido ter com os pais.
- E porquê que ela iria lá? – Perguntei, não venho lógica nessa hipótese, afinal ela estava assim por causa deles.
- Sei lá. Talvez para ir buscar uma chave da casa... - Não nos deu tempo para resposta. Saiu disparado.
A Joana disse-me que seria muito estranho a nossa amiga não trazer a chave consigo. A alegria por estar na presença da minha amada não ajudou nada na concentração no que dizia. Mesmo assim lembrei-me da hipótese de algum vizinho ter uma chave de reserva ou de pura e simplesmente alguma porta estar aberta.
Este estado de espírito não era o ideal para estar na presença dela sem estar a beijá-la. Devia declarar-me logo ali, neste momento. Joana gosto de ti. Convenci-me que eras a autora dos poemas escritos na cidade e que escrevias para mim.